16/04/14

XXII






11/04/14

XV


Sentado no cais da Ribeira 
fiquei à tua espera 
contabilizando sonos sonhos 
navios neblinas e delírios

Quando cansado de perscrutar
a linha do horizonte
acordei estremunhado
lá vi a tua velha bicicleta de fogo
mas tu não vinhas pedalando nela

Deitado na espuma das palavras 
adormeci esperando a maré viva 
e o regresso do teu cheiro a canela

Foram longos os dias e as noites 
até que à costa desse a tua bicicleta 
que trazia o cheiro a canela e um recado

«Numa terra intensamente branca
encontrei peixes de mil cores
tremoços azuis cerejas cor de nácar
e pérolas do tamanho do sol
Um velho sábio sem dentes soletrava sonhos. 
Fico aqui. Dorme em paz. Até logo.»   

05/04/14

IX





Poemas de Boas Vindas - Para os meus netos


POEMA DE BOAS VINDAS

Para a Myríam



Sê bem vinda a este mar em tormenta
Que o Lince te guíe o passo
E a águia andina o fulgor do olhar

Conhecerás o amor e o ódio
A bonança e a tormenta
Por vezes dirás mal do vento e do relâmpago
E quererás deter o andar do tempo

Lembra-te então do sol 
E da constelação do sangue do sonho 
A que volta todas as manhãs 
Beijando os lábios da brisa

Diante do altar do vento
Farás uma prece ao esplendor dos pinheiros

Vê como arde a noite 
Cheirando a resina


Paris, 5 de julho 2001 


António Barbosa Topa



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POEMA DE BOAS VINDAS

Para o Rafael



Serás relâmpago e trovão 
Anunciando a doce chuva de Agosto

Sê sempre recto e justo
Sem nunca te desviares
Do caminho que leva até à verdade

Encontrarás quem queira amansar 
o que em tí há de maís puro 
Querendo desviarte desse caminho

Resiste aos encantos da mentira 
caminhando pelo teu próprio pé 
e sem nunca baixares o olhar

Há olhos que incendeiam searas 
os teus incendiarão o futuro


Paris, 24 de julho 2003 


António Barbosa Topa


02/04/14

O BURRO INTUITIVO


Em memória de Almiro de Sousa Gonçalves


Aposta sempre no amigo
e na mão que lhe estendem
sem pensar no punhal
que a mesma esconde

Chora sozinho
quando sabe e pressente
o frio da lâmina traiçoeira


Paris, 07 de Julho 2011


VI