31/05/16

Ainda não chegaste

Ainda não chegaste
onde começa o orvalho
e já pressinto o teu gesto
o teu odor a canela

Quando chegares
a tua mão na minha
iremos à procura do sol

O meu passaporte
és tu debruada de fogo
Sei que não haverá estrela
que nos atolhe o caminho

Debruada de linho e água
serás toalha sobre o Douro
para saborearmos o sável
e assistir ao suicídio das taínhas

Devagar
entrega-me ao Cabedelo
e dá-me um beijo

O corpo que vês partir
não é corpo
é barco e onda
a algum porto há-de chegar


Paris, 2001


António Barbosa Topa

Sem comentários: