26/07/16
POEMA DE BOAS VINDAS
para Olivia, com carinho
Foste trovão e relâmpago em Dezembro
aquele que antecede a bonança
anunciando a doce chuva de Agosto
Assim te pressinto e quero
rosa de fogo e de azul
onda mansa e vaga altiva
contra os assaltos do tempo
implacável com a traição
condescendente com os humildes
Eu estarei sempre
na orla do mar
ou na linha do horizonte
acenando-te
soprando na mão em concha
um beijinho terno denso
imenso
quase do tamanho do mundo
e com este recado
Sê sempre alta e pura
branca como a alegria.
Antony, 24 de Julho 2016
António Barbosa Topa
31/05/16
Ainda não chegaste
Ainda não chegaste
onde
começa o orvalho
e já pressinto o teu gesto
o teu odor a canela
Quando
chegares
a tua mão na minha
iremos à
procura do sol
O meu
passaporte
és tu
debruada de fogo
Sei que
não haverá estrela
que nos
atolhe o caminho
Debruada
de linho e água
serás toalha sobre o
Douro
para
saborearmos o sável
e assistir ao suicídio das taínhas
Devagar
entrega-me ao Cabedelo
e dá-me um beijo
O corpo
que vês partir
não é corpo
é barco
e onda
a algum
porto há-de chegar
Paris,
2001
António Barbosa Topa
30/05/16
Devagar
Devagar
como o
fogo e a água
por
dentro da noite
deitar-me
numa lágrima
até ser
rio
vestir-me
de azul
e bruma
ser asa
Quando a
noite
for água e fogo
tirar a
gravata
espetar
o sono
nos
cornos do tédio
respirar
Devagar
num só instante
como a águia
em voo picado
penetrar no azul
do
fogo da água
Devagar
pela noite dentro
até ser
vento
Antonio
Barbosa Topa
Paris,
05.04.2001
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