que não tenho pressa
vou no eléctrico
com a minha amada
até à Foz
Deixem-me estar
assim
debruçado
sobre
o sonho
saboreando
o sal
o sol
o mar
os olhos
da minha amada
onde me perco
e renasço
Adeus adeus
deixem-me estar assim
que não tenho pressa
quero adormecer
para sempre
contemplando
o mar
dos olhos
da minha amada
Mão na mão
desafiando a cidade
os vizinhos
e o sono
vamos no 18
até à Foz
E o eléctrico
é já
um navio de bruma
que resiste
a todas as marés
e
sonolento
desliza
para os lábios do delirio
Quando chegou
ao fim da linha
o 18 não parou
entrou mar adentro
Nao sabia
o eléctrico
por quão triste
estava o mar
naquela tarde
em Fevereiro
as ondas
do mar da Foz
eram
só lágrimas
e sal
porque nunca houvera
visto
uns olhos
tão de bruma
e sol
e sonho
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